sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tempo da delicadeza

O livro "O amor nos tempos do cólera", de Gabriel Garcia Marquez, nos conta a história de um casal que se conhece na flor da juventude, é afastado pela família e pelas circunstâncias, mas volta a se encontrar, muitos e muitos anos depois, mais velhos e viúvos. Acompanhamos, comovidos, a emoção daquele sentimento que renasce, tão terno e vívido, entre Fermina Daza e Florentino Ariza. A história é uma das mais belas que eu já li.Eu me lembrei desse livro, lido há mais de 13 anos atrás, quando, dia desses, fui a um casamento de um casal amigo. Ambos separados, com filhos crescidos e já criados, resolveram não só juntar os trapinhos, como se diz por aí, mas se casar de fato, depois de 4 anos de namoro. Ele, com quase 60 anos; ela, chegando aos 50. Um enlace simples e singelo, numa cerimônia breve no cartório, em uma manhã ensolarada de sábado. Ela, de vestido florido e romântico, trazia consigo, além do sorriso, uma sacola com vários bem-casados, para distribuir para nós, as testemunhas, e para o juiz de paz. Ele, todo pimpão no modelito calça social e camisa-chique, mostrava um semblante tranquilo e afetuoso. Eu fiquei emocionada, confesso a vocês, amigos. Não houve nenhum pronunciamento esfuziante por parte do juiz, mas o tempo todo o casal estava numa sintonia tão afinada, que deu uma sensação quente no coração. Coroamos o momento com uma almoço apetitoso no Graça Mineira, durante o qual jogamos conversa fora, rimos, ouvimos planos futuros de viagem... uma tarde que culminou na chuvarada típica de São Paulo nos últimos tempos. Quando cheguei em casa, naquela tarde, busquei o livro na minha pequena biblioteca e encontrei o trecho que eu vinha vasculhando na memória e que cabia tão bem para aquele momento: " Não se sentiam mais como noivos recentes, ao contrário do que o comandante e Zenaida supunham, e menos ainda como amantes tardios (...) Era como se tivessem ido sem rodeios ao grão do amor, para lá das armadilhas da paixão, para lá das troças brutais das ilusões e das miragens dos desenganos: para lá do amor. Pois tinham vivido o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte(...)"Eu sorri quando acabei de ler esse pedacinho e constatei, de verdade, que não existe um tempo exato para o afeto. Na verdade não existe um tempo certo para nada. Só um tempo certo - o da delicadeza - para se acreditar nos próprios sentimentos, nos próprios quereres, nos próprios sonhos. E é isso o que torna a vida surpreendente e encantadora.

Reminiscências 1 - tempo de macacadas

Quando o filme King Kong chegou ao Brasil, eu tinha uns 12 anos (estou falando, é claro, da refilmagem, pois a primeira versão é de 1933...não sou tão véia assim). Todas as crianças da rua ficaram num verdadeiro alvoroço. Nessa época eu morava numa vila de casas em São Caetano do Sul, ABC paulista. Eram uns sobradinhos geminados antigos, numa rua sem saída. A criançada da vila (era assim que chamávamos) se reunia aos domingos para ir ao cinema. Naquela época assistir a um filme era uma pechincha, o equivalente a uma passagem de ônibus urbano, por isso todo santo final de semana rolava um filmezinho, um desenho... O então cine Olido colocou um pôster em tamanho real do King Kong (13m), bem na entrada do cinema, em frente à calçada. A gente passava e entortava o pescoço olhando aquele bichão. No dia da estréia estávamos todos lá, prontos para assistir a película e dar muitos pulos na cadeira. E não parou por aí. Uns meses depois, esse boneco utilizado no filme chegou ao playcenter, em São Paulo, e meu pai e minha mãe nos levaram para ver o dito-cujo. Eu me lembro que senti muito medo ao vê-lo dando urros e arreganhando os dentes. Ainda aproveitando esse "momento símio", fomos a uma outra atração naquele mesmo dia: a monga. Bem, a monga era uma mulher que se transformava, segundo o anúncio do parque, em uma macaca de verdade. Lá fomos nós, então. Uma moça entrou numa gaiola, toda dengosa, e uma música começou a tocar. Um jogo de luzes piscantes deu início a algo que nos deixou estupefatos. A música foi ficando mais alta e, no meio daquele turbilhão de sons, luzes, fumaça e confusão, a moçoila foi se transformando numa macaca. E que macaca porreta. Ela meteu um pontapé na gaiola, que voou longe, começou a se esgoelar e fez que ia pular na gente. Eu saí correndo e fui parar no meio de uma rua do parque, com o coração disparado. O meu pai veio me buscar rindo. Eu voltei a tempo de ver a monga virar a inocente e sonsa mocinha. E, naquela época, nem sequer questionamos a picaretice do número.
Na singeleza de outros tempos, posso dizer que essa foi uma das coisas mais emocionantes que aconteceu comigo na infância. E só de imaginar que momentos como esse eram suficientes para encher o coração da gente de alegria e riso, dá uma nesga de esperança de que possamos ver as coisas com mais leveza e humor nos dias de hoje...ou de que pelo menos não levemos tão a sério, no nosso círculo do dia a dia, as macacadas daqueles que insistem em querer que a gente pague micos, king kongs e mongas fora dos parques de diversão. Brinquemos de ser criança...

Bits com biritas

Dia desses estava lendo um artigo de Luiz Alberto Marinho, na revista Vida Simples, sobre a era digital e, em determinado trecho, ele fez a seguinte referência: " Em 2000, Nicholas Negroponte lançou um livro marcante chamado A vida Digital. Nele, o professor do MIT (Massachussets Institute of Technology) afirmava que no futuro algumas coisas deixariam de existir na forma de átomos e virariam apenas bits". !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Olha, gente, a primeira coisa que eu pensei quando li isso foi: em que bloco de gelo eu estive dormindo por todos esses anos? Pelamordedeus! Não entendi lhufas disso de átomos virarem bits. E eu que nem sei aproveitar todas as funcionalidades do meu celular mixuruca ainda!!! Não! Isso já é demais para minha cabecinha.... é muita viagem! Sabe que eu invejo esse povo antenado ao máximo em tecnologia! Uma colega aqui do trabalho, a Patrícia, tem as manhas de sair para passear na Rua Santa Ifigênia (meca dos eletrônicos em São Paulo) e vasculhar tudo o que há de ponta para o computador dela e dos amigos. Dispara o nome de tudo quanto é pino e rosca de cada pedaço do equipamento, descrevendo em detalhes as funcionalidades de cada breguete . Que inveja...Quanto a mim, tenho que admitir que prefiro ver sapatinhos, enfeites para a minha pessoa e badulaques diversos em pocilguinhas da moda (eu não sou fã do Bill Gates, mas da Sarah Jessica Parker, ó raios...) Quem é que vai se tornar tecnológica desse jeito?! Francamente... E eu que, quando criança, já me sentia catapultada para o futuro só de trocar os Flintstones pelos Jetsons... Pois agora tenho que encarar esses estranhamentos ao me deparar com artigos desse gênero (e a revista chama-se "Vida Simples", imaginem vocês...)Certa feita, não sei por que cargas d’água, mandaram-me para uma reunião de Informática, aqui no meu trabalho. Eu já gelei na espinha, mas fui, resignada a encarar uma empresa que queria fazer uma demonstração de algum equipamento mirabolante. Resolvi, então, fazer cara de inteligente, de que estava entendendo tudo (coloquei a mão no queixo, olhei fixamente para o meu interlocutor e semicerrei um pouco os olhos). No final, até o meu chefe chegou perto de mim e disse: "não liga, não, Giovanna, muita coisa do que ele falou a gente também não entendeu..." (aí eu vi que a minha cara de inteligente era muito das fajutas...)A verdade, meus caros, é que eu quero entrar numa máquina com poderes inimagináveis e me transformar na super-Giovanna-tecnológica-sabichona-de-hardware-software-e-afins e sair por aí esmerilhando a minha sapiência. "Claro, Nini", eu diria para o Nicholas Negroponte, "átomos não estão com nada, amigo...Os bits agora são o ó-do-borogodó, concordo com a sua pessoa"... e me sentaria (com um sapatinho combinando, claro) para tomar umas biritas com o professor.

O melhor lugar do mundo é aqui e agora

Nas eleições presidenciais de 2006, nós aqui do Tribunal Eleitoral de São Paulo recebemos uma comissão da República Dominicana para acompanhar a apuração do pleito. Como todo o mundo estava muito ocupado, resolveram mandar minha chefe, que por sua vez me escalou para esse trabalhinho maneiro, e lá fui eu firme e forte, disposta a disparar algum "por supuesto" aprendido com a Penélope Cruz nos filmes do Almodóvar . Eu só tinha que recepcioná-los, ser simpática, levá-los para um tour pelo prédio, mostrar a urna eletrônica, essas coisinhas básicas... Quando eles chegaram (uma mulher e dois homens, todos funcionários da embaixada), foram só sorrisos e amabilidades. Eles estavam muito empolgados com a visita e, cada vez que chegávamos em algum departamento e mostrávamos determinado procedimento ou equipamento, era um tal de oh, uh, uia (uia não teve, mas foi parecido...) que dava gosto de ver. A todo momento eles queriam tirar foto e pediam para que eu aparecesse no retrato, como forma de serem gentis. Como eu tenho o senso da noção, dava um sorrisinho sem-graça e me escondia atrás da samambaia. Ao final da visita, na sala de imprensa, conseguimos uma entrevista deles para a Globo e aí foi o ápice. O sujeito que foi entrevistado ficou em êxtase e, na hora da despedida, abraçou-me como se eu fosse uma parente distante muito querida. Figurinhas esses dominicanos..., pensei na época com os meus sempre mal pregados botões.Para quem não sabe, a República Dominicana faz divisa com o Haiti. O livro "A fantástica vida breve de Oscar Wao", do escritor Junot Díaz, ganhador do prêmio Pulitzer pelo livro em 2008, descreve, ao longo do enredo muito bem construído, um pouco do que foi a história daquele país. Segundo Junot, a República Dominicana teve um ditador execrável: Trujillo Molina, que governou o país de 1930 a 1961, com uma brutalidade implacável. Eis como ele o descreve: "mulato corpulento e sádico, com olhos de suíno, clareava a pele com vários produtos, gostava de sapato plataforma e colecionava acessórios masculinos da era napoleônica. (...) chegou a controlar quase todos os aspectos da vida econômica, social, cultural e política do país, por meio de uma mescla poderosa de violência, intimidação, massacre, estupro, cooptação e terror; tratava o país como se fosse uma colônia e ele, o senhor.(...)um personagem tão vil, grotesco e perverso, que poucos historiadores e escritores conseguiram de fato dimensioná-lo".... Ao ler esse livro, não pude deixar de relembrar a tal da visita: o entusiasmo daquelas pessoas em presenciar uma eleição na América Latina que eles consideravam um verdadeiro "show de democracia", segundo as palavras deles. Apesar de sempre estarem em situação melhor do que os vizinhos haitianos mesmo antes da última desgraça que se abateu sobre o Haiti, foi um povo muito sofrido, muito subjugado. Daí a euforia com que eles assistiam a todo o final das eleições no Brasil. Para eles acharem tudo aqui tão maravilhoso e cor-de-rosa é talvez porque ainda estejam pagando pelo ranço de um passado tão cruel.E, apesar de estarmos muito longe do ideal, me deu um certo alívio de morar nesta nossa terrinha-de-meu-Deus; até uma vontadezinha de cantarolar a música do Gil, meio velhusca mas sempre profunda : "o melhor lugar do mundo é aqui.... e agora". Por supuesto.

Aconteceu no Natal

Aconteceu no Natal. Na casa onde o Roberto e eu estávamos, apareceu, perdida pela rua, uma cachorrinha bem velha. Era toda preta, com muitos pelos brancos, os olhos embaçados pela catarata. Andava com dificuldade, como um carro rebaixado que viaja com sobrepeso. Estava como um zumbi, à procura da casa, do dono, de rumo. A Simone e eu a resgatamos e, deixando-a dentro do quintal, demos a ela água e um quibe, que foi a única coisa pela qual ela se interessou. Mas como - pensamos todos nós –o dono abandona uma cachorra velha dessas pelas ruas? Na certa os fiadaputa estão curtindo a praia e desprezaram o bichinho. E me deu, naquele momento, um aperto tão grande no coração, uma sensação de que o mundo não era assim um lugar bom, com pessoas amáveis e justas. Depois de uma noite conosco, o animal recuperou um pouco as forças e passou a andar em volta do quintal da casa, zumbizando novamente, com uma aflição que reconhecemos só em gente. Que saudade do dono, que sanha de encontrá-lo, pensei. Não havia mimo que fizesse a cachorra se desligar daquele comichão, e continuava a perambulação insana. Mas foi à tarde, no dia de Natal, que o inesperado aconteceu. Um carro parou na rua, e uma moça, desesperada, passou a andar de casa em casa, até chegar onde estávamos, perguntando se não tínhamos visto uma bassé preta. Eu respondi prontamente "Está aqui!" e gritei para a Simone, que veio correndo ver o que era. Trouxemos a cachorra e a moça agarrou-se ao animal com força e lágrimas. A cachorra velha ofegava e se retorcia de felicidade, abanando a cauda como um pára-brisa desgovernado. Eu não resisti à cena: chorei também. Num momento de descuido, explicou-nos, haviam deixado o portão aberto; ela tinha saído; já não enxergava bem e não conseguiu encontrar o caminho de casa. A dona voltou a agradecer muito, pegou o bichinho ainda emocionada, ainda não acreditando, e foi embora.Mas, para mim, o acontecido tinha me deixado aturdida, com um significado mais forte do que o aparente alívio de ter encontrado o lar do animal. O gesto me fizera resgatar um sentimento que muitas vezes a gente pensa ter perdido em meio a julgamentos e desesperança: a boa-fé nas pessoas.E naquela noite, todos nós da casa, agora mais risonhos, mais leves e em paz, levantamos um brinde. Era Natal, agora sim.

Abraços não partidos

Assim que pus os pés em Salvador, senti uma baforada quente de 35 graus. Liguei para a Maria Cláudia, que estava no bem-bom de um clube e combinamos de nos ver à noite. Confesso a vocês, amigos, que eu estava bem ansiosa. Quase 20 anos sem ver aquela que foi minha amiga inseparável durante os anos do colegial. Enquanto aguardávamos o ônibus que nos levaria até o nosso hotel, ficamos bisbilhotando uma barraquinha de acarajé. O Roberto pediu um bolinho de estudante, um quitute feito de mandioca, que mais tarde saberíamos pela Cláudia que é conhecido por lá como punheta. Não entra na minha cabeça alguém chegando para a balconista e pedindo uma punheta.
O hotel ficava bem perto do Pelourinho e, apesar de antigo para caramba (até com um certo ar decadente), tinha uma vista privilegiada, nos fundos, para o elevador Lacerda e toda a encosta do mar.Quando eu desci para o hall do hotel para finalmente ver a Cláudia, confesso que estava para lá de emocionada. Mas pegaria meio mal fazer uma cena em frente do marido e do filhinho dela (aliás, a Biló me disse que, se tivesse sido uma menina, iria se chamar Giovanna. Como foi um menino, colocou Giovanni). A verdade, amigos, é que eu segurei para não chorar. Aí dei aquela segurada no diafragma (aulas de yoga servem para isso tb, ora bolas) , respirei fundo e sorri um sorriso meio ensaiado: "oláaaaaa....!!!"O marido dela é muito simpático, falante, sabe muito da história local. O Filho, de olhos muito claros, tem o sotaque baiano, o que o deixa muito charmosinho e cheio de bossa . Ela nos contou "causos" da sua longa estada em Salvador (10 anos) e de que ainda não se acostumou a "viver no estrangeiro". Ela está ótima, muito bonita, com os cabelos bem escuros, o que realça ainda mais seus olhos azuis-bola-de-gude. Também a achei expansiva, risonha, cheia de si. Fiquei muito feliz por encontrá-la assim. Impossível não lembrar dela naquela época falando incessantemente do Charlie (o do Menudo, lembram?). Eita...Depois do jantar, ainda prolongamos o passeio, tomando sorvete. Muito bom ambos: o sorvete e o momento.Na despedida, a gente deu um super abração forte: um abraço de esperança para que nos vejamos em breve, e não daqui a 20 anos.

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Se você quer ser arrebatado por fortes emoções numa leitura de verão, recomendo que leiam "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios", do Marçal Aquino. Para vocês terem uma idéia, quando acabei de ler o livro (eu estava numa praia), fiquei tão atordoada pelo arrebatamento das personagens, pela narrativa intensa e ágil, pela história de amor descabelada, pelo desfecho completamente paralisante, que caí no choro de emoção. Pode ser exagero, você deve pensar, mas o livro é maravilhoso, e tocante. O amigo que me deu de presente, o Carlos Magno, descreveu o final apoteótico do livro como "um pós-guerra esperançoso". E eu reitero suas palavras. Imperdível. O Marçal Aquino é um puta escritor! Depois desse vai ser difícil encarar "a cabana", de William P. Young, que ganhei no final do ano e estou enrolando para ler. Já coloquei na frente "Tia Júlia e o Escrevinhador" e Pornopopéia" (Vargas Lhosa e Reinaldo Moraes, respectivamente). Mas eu preciso ler até para poder falar mal depois. Ops, explico, amigos: eu tenho muito pé atrás com livros de auto-ajuda. Confesso que fico na angústia para começar um livro como esse, que apresenta 2 quesitos que geralmente me levam a ficar longe de alguns exemplares: figurar na lista dos mais vendidos e ser do gênero de auto-ajuda. E para corroborar com essa minha crença , ainda vi no site "observatório da Imprensa" uma matéria feita pelo jornal Folha de São Paulo sobre esse filão. Em um certo trecho, o próprio Lair Ribeiro (autor de vários livros do gênero) diz que existem muitos aventureiros nesse mercado editorial, e completa:" para ser engenheiro, precisa ter cursado engenharia. Para ser médico, precisa ter feito medicina. Para escrever livro de auto-ajuda, não precisa de nada. Só uma editora". E o que não dizer então sobre a "pérola" comentada na matéria, sobre os tipos de dietas propagados por alguns desse livros, como a dieta de Jesus, em que a pessoa só come os alimentos citados na Bíblia? Claro, caros amigos, que não devemos generalizar nada, que a generalização é sempre perigosa. Mas dá para entender o meu aperreio, não? Arre, égua...

Gracinha, venha para este lado

Um colega do trabalho, um apreciador ferrenho do filme Warriors – o selvagem da noite (fiquem tranquilos, eu tb nunca tinha ouvido falar), insiste em dizer que o filme é um verdadeiro clássico do cinema. Mas eu andei pesquisando e não é que o filme se tornou cult mesmo? Cheio de clichês, foi feito em 1979, e o que chama muito a atenção da película é a tradução dos diálogos para lá de estapafúrdia. Eu acabei vendo um pequeno trecho do filme e, em determinado momento, quando o grupo de rapazes da pesada está no metrô e encontra umas moçoilas não muito bem comportadas por perto, dispara a seguinte frase: "gracinha, venha para este lado!".
Pensem bem, caríssimos, onde é que vocês já viram alguém chegando com o intuito de "fazer a corte" e sair com a pérola: "gracinha, venha para este lado"! Acho que o tradutor estava é com pinga na cabeça quando fez essa versão para o português! Frase mais improvável do mundo...Mas o engraçado é que a frase ficou tão aburda, tão nonsense, tão pafúncia, que agora, quando alguém chega mais bem ajambrado no trabalho, volta e meia um fala para o outro o tal do bordão: "gracinha, venha para este lado".E tudo por conta do Igor, mineirinho da boa cepa que volta e meia aparece com essas invenciones e peraltices...